sexta-feira, 21 de maio de 2010

Diário do inferno - 40 anos na vida de Zé do Caixão

“Columba livia... O pombo comum. Não se enganem: escondida nesse corpo angelical está a alma de um autêntico roedor como vocês, mas, graças à aparência, ele tem uma reputação muito melhor perante a sociedade! Até igreja ele frequenta! (...) Entre! Não faça cerimônia. Por detrás dessa silhueta poética sabemos que se esconde um apetite voraz pela podridão... E vocês, meus amigos ratos, levam toda a má fama e culpa sozinhos. Condenados pelos seus instintos naturais... Pelos juízes hipócritas que assimilaram muitas de suas características por vontade própria...”

Zé do Caixão, em Prontuário 666.


O intervalo existente entre os filmes Esta noite encarnarei no teu cadáver, de 1968, e Encarnação do demônio, de 2008, foram vividos pela personagem Zé do Caixão de um modo bastante peculiar. No período que soma 40 anos, o coveiro maldito esteve recluso do convívio social - foi internado em uma clínica para doentes mentais e preso na Penitenciária do Estado.

E suas aventuras neste meio tempo viraram tema para o livro de quadrinhos Prontuário 666 – os anos de cárcere de Zé do Caixão, de autoria de Samuel Casal e Adriana Brunstein, ilustrador e roteirista, respectivamente. A obra, editada pela Conrad, narra as terríveis experiências que Zé promoveu na cadeia, ou “zoológico humano”, como se referia ao local.

O livro é aterrorizante e respeita a mitologia criada por Mojica Marins para o coveiro, com suas ideologias e clichês. Criativo e original, Prontuário 666 (número da ficha da personagem na cadeia) é um ótimo prefácio para o terrível e assombroso mundo de Zé do Caixão.

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