sábado, 6 de novembro de 2010

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"O terror tem algumas coisas da infância. Fui criado dentro de cinema. Meu pai já fazia coisas que eram terror. Era toureiro e, desde os dois ou três anos eu via coisas que eram um terror danado. Ele sentava na cadeira, punha um lenço na boca, e o touro tinha que arrancar com o chifre o lenço da boca dele".

"No cinema eu ficava olhando, aos seis ou sete anos, e notei que quando vinha o terror, as meninas se apavoravam e se jogavam nos braços dos meninos. Isso me deu interesse. E até hoje o homem assiste a um filme desses e passa uma noite agradável com a mulher".

"Além disso, eu tinha um amigo que contava histórias de terror e todos gostavam. Quando ele morreu fomos ao seu velório, e a viúva dizia ‘volta, volta!’. E, de repente, ele estendeu a mão, começou a se levantar, e fugiu todo mundo. Só fiquei eu e mais uns garotos. O homem não tinha morrido... Teve catalepsia. Mas depois disso a mulher não quis viver mais com o cara, ninguém quis dar trabalho pra ele... E o homem acabou enlouquecendo, foi parar num manicômio onde veio a falecer. No enterro fui o único do bairro que compareceu. E aquilo começou a me perturbar muito. O que vem depois da morte? As pessoas pedem para voltar, mas não querem que volte?"

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