* Texto publicado originalmente aqui, em 11 de fevereiro de 2011.
Recebi no início da tarde de hoje, e acabei de assistir agorinha mesmo, o documentário Uma Descida ao Inferno de Zé do Caixão, realizado pelos estudantes Daiana Sousa, Dênis Matos e Marcela Alves. Há alguns meses, tive o prazer de gravar uma longa entrevista para os meninos aqui em Jundiaí, numa lanchonete rock’n’roll, quando procurado por eles para contribuir com o documentário, e foi bacana poder colaborar com o projeto.
O documentário merece ser prestigiado, no mínimo, por representar um agradável sopro de idéias arejadas e uma urgência de se compreender um dos nossos cineastas mais particulares e o artista mais ativo do horror nacional. Tomara que o filme tenha uma sobrevida fora das salas de avaliação acadêmica; que se torne extra de algum lançamento em DVD ou apareça na programação do Canal Brasil ou coisa parecida.
O resultado final ficou bem bacana, apesar da duração relativamente curta, com apenas 28 minutos (a gente sempre acha que tem algo mais a ser dito sobre a figura complexa do Mojica). Melhor ainda foi ver as encantadoras divagações da amiga e colega de brasilidades horroríficas Laura Cánepa, que indiquei para ser entrevistada para o projeto, e que, assistindo ao produto finalizado, tenho certeza que faria uma falta imensa se não tivesse participado. O cineasta e antropólogo Kiko Goifman (FilmeFobia), o jornalista, crítico e biógrafo mojicano André Barcinski e a psicanalista Maria Lúcia Homem - que parece viajar bem mais do que os delírios de Zé do Caixão costumam provocar - também oferecem esclarecimentos sobre as conflitantes figuras de José Mojica Marins e sua imortal criação Zé do Caixão. Ah, claro, o Mojica também é entrevistado, numa calçada qualquer de São Paulo, mas seu depoimento, aparentemente regado a loiras geladas, é um tanto criptografado. Puramente Mojica, claro.
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