A chave para se compreender o universo de Mojica Marins passa pela aceitação – ainda que não necessariamente a apreciação – do horror como um gênero com valores e regras particulares [...]. Muito mais estranho é o mundo de Zé do Caixão àqueles que rejeitam as emoções baratas das quais o próprio cinema de horror se fortalece; um cinema que, ainda que carregado de grafismo – ou, talvez, justamente por causa disso – não deixa de falar também à mente, penetrando nos corredores mais sombrios de nosso subconsciente, onde se ocultam as taras e os desejos inconfessáveis.
Carlos Primati, jornalista e pesquisador de cinema de horror
Dennison Ramalho e José Mojica Marins.
Foto de Eduardo Knapp/Folha Imagem
O cinema nacional de uns tempos para cá respira novos e bons ares. Muitos nomes têm despontado e produções de ótima qualidade são lançadas todos os anos. Poucos, apesar disso, se arriscam a embrenhar no gênero horror. Não fosse o trabalho de alguns jovens cineastas e de produtoras independentes o terror no Brasil estaria com os seus dias contados.
Ainda bem que nomes como o de Rodrigo Aragão, Christian Saghaard e Dennison Ramalho, influenciados pelo trabalho de José Mojica Marins, surgem para dar novo fôlego ao estagnado terror nacional. São eles os responsáveis por obras como Mangue negro, O fim da picada e Amor só de mãe, respectivamente. Porém, os mesmos reconhecem que existem dificuldades para que o gênero alavanque de vez no país, ocupando posição de destaque dentre as demais produções nacionais.
O motivo? Bem, infelizmente filmes brasileiros (em geral) são tidos como ordinários e agressivos. Um equívoco que, em sua maior parte, é causador do preconceito que muitas pessoas carregam e que acaba por retardar o progresso do cinema nacional.
E se os filmes brasileiros precisam combater certas resistências por parte do público, quem dirá, então, as películas de terror. Afinal, estas sim são feitas propositalmente para não agradar – surgem para causam aflição e medo, entre outras emoções perturbadoras.
Está claro que o fazer cinema no Brasil precisa de mais incentivos, não só por parte de governos e instituições, como também do público espectador. E o horror, nesse ponto de vista, é um dos que mais sofre pela falta de apoio e de prestígio.
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