“Sua mente confusa não sabe o que procura... Porque o que procura confunde a sua mente... E nasce o terror. O terror da morte, o terror da dor, o terror do fantasma, o terror do outro mundo... Agora, vê no terror que nada é terror... Não existe o terror, no entanto, o terror o aprisiona... O que é terror? Ahhh... Não aceita o terror porque o terror é você!”
Trecho do filme O Estranho Mundo de Zé do Caixão, de 1968.
Apesar disso, ainda é difícil desassociar a imagem de José Mojica à de Zé do Caixão, personagem mitológica criada por ele próprio. Ambos dividem algumas semelhanças, entre elas a aparência física e o nome: José e Zé. Mas é só. Zé, que no auge de seu ceticismo zomba das pessoas, de Deus e do diabo a quatro, e Mojica, um senhor tranquilo, com fé em São José e na Virgem Maria (ele se considera um religioso não praticante), são indivíduos completamente diferentes. No entanto, a confusão tem lá sua razão de ser.
Durante muito tempo Mojica se apresentou na mídia caracterizado como sua personagem. Em programas de entrevistas e shows ele surgia como tal, assumindo a identidade do coveiro maléfico. Por anos tirou proveito da empatia que este despertava e a transferiu para si. E isso se comprova pelo fato de seu nome soar desconhecido até hoje, ao contrário do de Zé do Caixão, que é amplamente conhecido.
Por outro lado, o criador José Mojica é também um artista autêntico, “[...] um tarado mental, um gênio do escrotismo, o maior homem do cinema já surgido no hemisfério Sul”, nas palavras do cineasta Carlos Reichenbach, para o jornal Shimbun, em 1970.
Compartilho do pensamento de ambos e também da admiração de uma infinidade de fãs. Afinal, graças a ousadia e a criatividade de Mojica, Zé do Caixão existe e está aí para assombrar nossos sonhos... Ele nos deu de presente uma personagem célebre que, “praticamente”, ficará para sempre em nossa memória. E se ainda tiver espaço para um último desabafo, hei de fazê-lo: Mojica e Zé do Caixão são os meus heróis.
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